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POR QUE ESCOLHI A PSICANÁLISE COMO ABORDAGEM DE TRABALHO E CONDUTA DOS ATENDIMENTOS DE PSICOTERAPIA?

  • Foto do escritor: Natielly Rocha
    Natielly Rocha
  • 15 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Se este espaço foi destinado a compartilhar sobre o cotidiano, a Psicanálise, e juntamente sobre o meu fazer na minha prática profissional, eu não poderia deixar de abordar o que me fez escolher a Psicanálise como técnica orientadora dos meus atendimentos de psicoterapia. E hoje, eu vim falar de como se deu este encontro, o porquê eu escolhi, o que significa e o quanto importa ter escolhido a Psicanálise como minha abordagem de trabalho.

Primeiramente, de forma sucinta e básica, resumirei o que é a Psicanálise. A Psicanálise não é Psicologia. Ambas são coisas diferentes, embora a Psicanálise faça parte da história e construção da Psicologia enquanto ciência e profissão.

A Psicanálise é um método clínico de pesquisa e investigação, uma técnica criada em meados de 1896 por Sigmund Freud, que foi um Neurologista e Psiquiatra. Tal técnica pode ser utilizada pelo profissional que se graduou em Psicologia e também por qualquer outra pessoa ou profissionais que tenham interesses de se apropriar e fazer uso da mesma, se tornando um psicanalista sem necessariamente ser um psicólogo. Pois, a psicanálise é uma disciplina científica independente, com escolas, núcleos e instituições próprias.

A Psicanálise trabalha com alguns conceitos fundamentais sendo: Inconsciente, associação livre, interpretação, pulsões, traumas, sintomas, fantasia, transferência, recalque, narcisismo, entre outros. Tais conceitos se encontram vivamente presentes na nossa dinâmica vivencial, sendo possíveis de serem fundamentados e trabalhados de forma psicoterapêutica em um processo de análise psicanalítica.

Entender e conhecer a Psicanálise requer um interesse maior, digamos que um desejo para além. Portanto, para quem se interessar e desejar em saber mais é preciso se aventurar nesta busca. Dessa forma, como havia mencionado anteriormente, serei breve em descrever o que seria a Psicanálise, pois não cabe aqui, neste momento fazer esta descrição extensa.

Respondendo a pergunta inicial e norteadora desta escrita: “O que me fez escolher a Psicanálise como minha abordagem de trabalho e conduta dos atendimentos de psicoterapia”?

Foi através de um encontro. Sim, um encontro entre o meu eu pessoal, junto das minhas identificações e vivencias com a abordagem. Encontro é a palavra que define exatamente o motivo da minha escolha. Inclusive a utilizarei bastante durante a descrição.

Lembro-me claramente quando tive o primeiro contato com a abordagem. Foi no meu quarto período de graduação. Através da recomendação do pelo professor da disciplina, que fosse feito a leitura de um dos textos mais famosos de Freud, sendo: “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.” (1905).

Ao ler o texto e ao discuti-lo durante a aula me encontrei diversas vezes na descrição do mesmo. O texto me levava a lembranças e identificações pessoais da minha infância, adolescência e vida adulta. Quanto mais eu me debruçava sobre o texto, mais o encontro ia se fortificando, mais eu conseguia me encontrar e me identificar naqueles escritos. Dessa forma, o interesse e o desejo em saber mais sobre a disciplina e abordagem foram só aumentando, e eu me apaixonei! Inicialmente eu acreditei que poderia ser só uma paixão como outra qualquer, por um conteúdo novo e que em breve iria passar, assim como foi com outras disciplinas.

No decorrer do curso, eu me dei espaços e até mesmo apostei em estar conhecendo e estar estagiando nos atendimentos clínicos pelo viés de outras abordagens. Mas neste decorrer, me deparei com um conflito. Conflito este de que eu já não me via e nem mesmo conseguia me perceber fora da Psicanálise. Foi quando no sétimo período comecei a me dedicar totalmente à abordagem, havia feito a minha escolha definitiva. Comecei a realizar estágios somente a partir da abordagem psicanalítica, a falar mais sobre a abordagem e me movimentar diante deste desejo que habitava em mim. Neste momento, também comecei a minha psicoterapia, com uma profissional que também se orientava pela Psicanálise, o que foi muito significativo.

Realizar a minha psicoterapia orientada pela Psicanálise foi de extrema importância, pois, foi através dela que o encontro da Psicanálise comigo mesma completou-se. Durante o meu processo me depararei com o livre, um livre que se assemelha como um espaço sobre mim mesmo e que me demandou construções necessárias a serem feitas diante deste livre. Vieram também muitas recordações, elaborações, reinvenções, e na grande maioria das vezes estive diante de questões e situações que me pareciam impossíveis, mas que depois de muito trabalho pessoal e também de muita angústia se tornavam possíveis, com novos sentidos, significados e caminhos mais leves. E foi neste movimento que minha análise pessoal percorreu por muito tempo e que até hoje percorre. Definiria como muitos encontros, desencontros e também uma grande travessia!

Hoje com quase dois anos de formada, com o meu espaço de atendimento, continuo movimentando o meu desejo, e o meu encontro com a Psicanálise através do trabalho que faço e construo junto de meus pacientes. Se fosse pra eu definir de forma pessoal, através do meu processo de análise e profissionalmente, definiria a Psicanálise exatamente da forma que descrevi de como foi a minha vivência no meu processo de análise.

No mais, ainda ressaltaria que a Psicanálise é este encontro de forma livre, que nos exige e nos movimenta a um encontro conosco mesmo, um movimento contínuo, em busca pelo nosso desejo, junto da nossa forma de se haver na vida.


“seria um eterno encontro que está em constante movimento!”

 
 
 

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© 2020. Psicóloga Natielly Rocha. 

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